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09/03/2010

Operação Bombeiros em Força: A Opinião de Um Comandante no QH



Não sou bombeiro.

No entanto quero participar neste Forum dando voz àquilo que são as reflexões de um dos V/, um elemento que serviu a causa do bombeiro voluntário durante dezenas de anos, onde começou como cadete e ascendeu a comandante, que integrou a direcção da sua Associação e da sua Federação Distrital também e, até Conselheiro Nacional chegou a ser.

Um dia, resultado duma cilada armada por pretensos amigos da nova direcção e com a cumplicidade dos bombeiros e da estrutura , foi “ irradiado”. Assim, manifesta-se…

• IDENTIDADE - A perda da sua própria identidade de Bombeiros, ao passar á tutela duma Autoridade Nacional de Protecção Civil. Os bombeiros, apesar de suporte essencial da actividade de socorro nacional, viram o seu nome “apagado” da designação que identifica o sector.
Exemplo simples, ainda hoje se assistiu num serviço noticioso televisivo nacional, á apresentação duma reportagem em que era anunciada a intervenção da protecção civil nas cheias do Tejo. As imagens foram, tão-somente, de bombeiros e da sua actuação. A César o que é de César… aos Bombeiros o que é dos Bombeiros!

• OS VENDILHÕES – Esta poderia ser a designação dos que, do lado dos bombeiros, abriram, melhor, escancararam as portas da estrutura á avidez dos responsáveis institucionais da tutela. Como? Ao assumirem o papel de “barrigas” de aluguer, contribuindo, assim, para o branqueamento de despesas (custos)do SNB que, apesar de elevados, nunca eram espelhados dessa forma nas contas estatais. As Associações de Bombeiros Voluntários, ao aceitar “empregar” na sua estrutura as centenas de profissionais que serviram de suporte em termos de RH ao funcionamento de CDOS e outros órgãos descentralizados do ex-SNBPC, hoje ANPC, em muito contribuirão para a actual situação.
Em vez de se ter as contas do sector a espelhar a realidade, tínhamos as AHBV a receber verbas e subsídios consideráveis, que em nada serviram ás próprias Associações, senão o ficar com a fama de o Estado estar a gastar muito com a estrutura dos bombeiros voluntários, quando, o que na realidade acontecia é que estava a “enganar” tolos, pois que essa era despesa que desde logo era mesmo da responsabilidade do Estado.

• DORMIR NA FORMA – Desde há anos atrás que aceitamos ser “organizados” de fora para dentro. Porquê? Incapacidade dos intervenientes? Não acho. Nunca se entendeu a razão pela qual, a um funcionário de qualquer serviço público era dada a capacidade de nomear (ou não)a estrutura de comando dos bombeiros voluntários. Sempre fui apologista que, tal organização competia-nos internamente. Temos essa capacidade e conhecemo-nos uns aos outros melhor do que ninguém (ou conhecíamo-nos). Devia ser definida tecnicamente uma estrutura de comando a nível nacional, e ser apresentada á tutela como tal. Quando, ANPC ou qualquer outro organismo estatal se perfilar para impor a sua estrutura (doutrina), cabe-nos apenas, identificar e informar e apresentar os nossos responsáveis operacionais, nacional e distritais. Só dessa forma se recuperará a identidade dos Bombeiros, enquanto estrutura autónoma, de utilidade pública mas, privada, pois que emanamos de estruturas privadas (as Associações de Bombeiros Voluntários).

• Liga dos Bombeiros Portugueses e Federações Distritais deverão fazer o seu “acto de contrição” e, se for essa a conclusão, humildemente e publicamente assumir perante os bombeiros os erros cometidos. E, duma vez por todas, sem falsos moralismos, assumir o papel aglutinador das vontades dos bombeiros a nível nacional.

Autor: Comandante no QH

in: bombeirosparasempre

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