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14/08/2010

Josefa, Bombeira Voluntária


Josefa, 21 anos, a viver com a mãe.

Estudante de Engenharia Biomédica, trabalhadora de supermercado em part-time e bombeira voluntária.

Acumulava trabalhos e não cargos,e essa pode ser uma primeira explicação para a não conhecermos.

Afinal, um jovem daqueles que frequentamos nas revistas de consultório, arranja forma de chamar os holofotes.

Se é futebolista, pinta o cabelo de cores impossíveis; se é cantora, mostra o futebolista com quem namora; e se quer ser mesmo importante, é mandatário de juventude.

Não entra é na cabeça de uma jovem dispersar-se em ninharias acumuladas: um curso no Porto, caixeirinha em Santa Maria da Feira e bombeira de Verão.

Daí não a conhecermos, a Josefa.

Chegava-lhe, talvez, que um colega mais experiente dissesse dela:

"Ela era das poucas pessoas com que um gajo sabia que podia contar nas piores alturas." Enfim, 15 minutos de fama só se ocorresse um azar...

Aconteceu: anteontem, Josefa morreu em Monte Mêda, Gondomar, cercada das chamas dos outros que foi apagar de graça.

A morte de uma jovem é sempre uma coisa tão enorme para os seus que, evidentemente, nem trato aqui.

Interessa-me, na Josefa, relevar o que ela nos disse: que há miúdos de 21 anos que são estudantes e trabalhadores e bombeiros, sem nós sabermos.

Como é possível, nos dias comuns e não de tragédia, não ouvirmos falar das Josefas que são o sal da nossa terra?

Por FERREIRA FERNANDES, Diário de Notícias

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