E foi assim que esta tarde, com a ajuda da Autoridade Nacional de Proteção Civil, uma nova medida esteve a ser testada: a utilização do helicóptero pesado Kamov estacionado em Loulé para dar uma ajuda no combate…aos mosquitos.
O helicóptero pesado chegou ao vale da ribeira de Alcantarilha às 15h18 e começou por fazer uma primeira passagem sobre as zonas alagadas a média altitude, para afugentar os bandos de aves, nomeadamente dos raros ibis-pretos, que usam a zona como refúgio e alimentação.
Depois, durante uma hora, o Kamov pairou a baixa altitude, a uns cinco a dez metros do solo, para, com a agitação nas águas e na vegetação causada pelas suas hélices duplas, contribuir para matar os mosquitos que se tornaram uma praga.
Rogério Pinto, presidente da Câmara de Silves, que acompanhou no local a operação do helicóptero, explicou ao Sul Informação que se trata «de um método que, através da combinação dos fortes ventos provocados pela força das pás do aparelho e do consequente turbilhão de águas, irá contribuir para a destruição da população de mosquitos adultos e de ovos existentes nesta área».
Se o método resultará ou não, só esta noite e nos próximos dias se verá. De qualquer modo, foi possível ver que, quando o Kamov sobrevoava as zonas alagadas a baixa altitude, se levantava um turbilhão de água, que os técnicos esperam agora que ajude a matar as larvas e os incomodativos insetos adultos.
«Com as pás enormes destes helicópteros, que estão a deslocar água e vegetação, criando uma grande turbulência, esperamos que isso possa ajudar a destruir habitat do mosquito adulto, habitat da larva, e matar bastantes adultos», explicou por seu lado Alexandre Vinhas, técnico da Pestox.
Uma ideia «bastante bizarra» que poderá resultar
E tudo indica que se trata mesmo de uma medida completamente inovadora. «Pode ter sido utilizada em pequena escala noutros sítios, mas numa extensão destas não», garantiu Alexandre Vinhas em declarações ao Sul Informação.
Apesar dos efeitos que os técnicos e autarcas esperam que sejam efetivos, a verdade é que esta noite não se sabe se as queixas irão diminuir ou mesmo se não se mudarão para outras zonas. «Isto não impede que haja danos colaterais, com as pessoas de outros sítios a queixar-se, se os mosquitos sobreviventes fugirem para lá, mas amanhã já não haverá problema», assegura, esperançoso, o técnico da Pestox.
Esgotadas as soluções mais evidentes, só restava o recurso a medidas extraordinárias. «Com este sol, orvalhada, temperaturas, tem sido muito difícil de controlar esta praga. Fizemos aqui uns trabalhos, em 48 horas estava tudo muito bom, mas passado esse tempo, parecia que não tínhamos feito nada», lamentou Alexandre Vinhas.
Por isso mesmo, porque houve muita coisa a correr mal, envolvendo muitas entidades, o presidente da Câmara de Silves quer que, logo após a época balnear, «as entidades se juntem, para discutir as medidas a aplicar para que esta situação não se volte a repetir».
Outras ideias em discussão têm «custos ecológicos»
Mas «aquilo que se verificou este ano é que existem milhões de larvas neste local. E já passámos de uma para três intervenções. Agora temos a intervenção de uma empresa, desde há uma semana, a Pestox, que é especialista na área».
A empresa, contratada pela Agência Portuguesa de Ambiente, está «a fazer desinfestações às larvas, na zona mais contaminada, junto às margens da ribeira mais perto do mar. Também aplicaram já por três vezes inseticida, para matar os mosquitos adultos».
Mesmo com estas medidas extraordinárias, a zona nascente de Armação de Pêra (apenas cerca de um quarto da praia) continua a ser atacada por nuvens de mosquitos, que afetam em especial os utentes do Parque de Campismo e os clientes do restaurante Búzio, bem como quem está nos apartamentos mais junto à Lota.
Por isso, salienta o presidente da Câmara, houve que pensar em novas soluções. «Pensou-se em mais três alternativas, mas tinham riscos muito grandes, nomeadamente ecológicos. Uma dessas alternativas era pegar fogo a isto, fogo controlado. Falou-se também em passar uma avioneta para espalhar o inseticida, mas como é zona habitacional e turística, envolvia muitos perigos, até para a saúde. Outra solução era abrir a ribeira para o mar, mas iria acontecer o mesmo que aconteceu em Quarteira, com praias interditas e não sabemos durante quantos dias. Temos à volta de 100 mil pessoas aqui e isso seria uma catástrofe».
De qualquer modo, na próxima sexta-feira, a empresa contratada vai voltar às aplicações de inseticida. «Até ao extermínio da praga de mosquitos não se pode baixar os braços», garante Rogério Pinto.
Fotos: Elisabete Rodrigues/Sul Informação
Sem comentários:
Enviar um comentário