A sua tripulação era constituída por um Mestre (Patrão ),Sotapatrão e Motorista.
Estes homens estavam no seu local de trabalho as 24 horas ( dia e noite ) onde aí se alimentavam e dormiam usufruindo um salário miserável ( seiscentos escudos ) e sem direito a reforma.
Com o 25 de Abril as suas condições melhoraram substancialmente tendo-se fixado um horário e o direito à reforma.
O seu lema era preservar a vida de quem se encontrava em perigo no mar ou nos rios ,colocando a sua própria vida em risco.
Foram muitas as experiências vividas por dois desses intervenientes ( únicos ainda vivos ) que tive o privilégio de conversar.
José Amândio Romeira 89 anos esteve inicialmente como sota e mais tarde como patrão durante 21 anos .
Com grande tristeza relata um dos acontecimentos mais trágicos verificados no dia 9 de Março que foi o naufrágio na Barra de Tavira com o barco de pesca "Arraial" que com três tripulantes, ao tentar entrar na Barra no meio de violento temporal ,sendo violentamente sacudido por uma onda vindo a morrer afogados o Mestre Manuel João Rodrigues (Belhi ) e o companheiro Marcelino Tomé do Livramento ,salvando-se o outro tripulante João Fausto Reis .
Aquando desse acidente esteve também em grandes apuros devido a vir para a proa do salva vidas ,afim de poder escutar alguma possível voz de algum naufrago para o poder salvar.......nesse acto de coragem vem uma onda que o lança para o fundo do barco, e durante vinte minutos luta contra a enorme adversidade de as ondas serem constantes e desgastantes perdendo as forças ...........se não fora o mestre João Venâncio e o motorista António Gabriel que com o projector da luz da cabine correram o barco e conseguiram descobri-lo já muito cansado ,acabando por o salvar.
João Venâncio 93 anos ,vai com 25 anos em 1948 para sotapatrão e posteriormente foi Mestre (patrão) onde esteve no total 53 anos ao serviço do salva-vidas.
Imensas as histórias para contar .....desde o naufrágio do "Black-Rose" à ida a Lisboa por mar para ser colocada uma cabine no barco...............
Sem electricidade e depois de estarem no teatro das operações (salvamentos) tinham que recolher o barco "salva -vidas" através de roldana puxada por uma manivela (força de braços).
Conta com alguma emoção que quando havia tormentas não existia comunicação com os barcos e as famílias dos pescadores vinham a pé para as Quatro águas e na escuridão da noite perguntavam quando ouviam o barulho dos remos na água:"Quem vem lá ? "
Angustiante e terrível o esperar pelo pai ,pelo filho, pelo marido, que punha a vida em perigo pelo sustento da família.
Foi condecorado em 1979 pelo governo português e espanhol sendo distinguido pela coragem,abnegação e humanidade ,recebendo uma medalha de prata pelos bons serviços prestados na salvação de náufragos .
Foi igualmente em 2013 homenageado pelo Município de Tavira.
Uma palavra de reconhecimento e de gratidão para as tripulações do salva -vidas que durante quase oito décadas prestaram um serviço excelente de salvamento para os pescadores e de carácter desportivo desportivo ........
Mestres (Patrões)--Marcelino da Graça (1º Patrão ) Henrique Pires João Venâncio e Zé Amândio.
Sotas- Joaquim Venâncio,
Motoristas-José Bagarrão,Rodrigues e António Gabriel ( infelizmente falecido em serviço ).
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