01/03/2011

Bombeiros obrigados a despedir pessoal


Menos transporte de doentes cria problemas às corporações.

Ao tirarem a concessão das credenciais aos doentes não urgentes ficámos sem trabalho. Assim, não temos condições para continuar", diz Rui Pimenta, presidente da Associação dos Bombeiros Voluntários do Montijo.

Neste momento, a corporação tem nos quadros 42 assalariados. "Já mandámos embora oito e estão mais oito para ir", lamenta.

E tudo porque, a acrescentar aos problemas económicos e financeiros que já têm, os bombeiros voluntários estão em vias de perder uma fonte de rendimento importante.

Hoje, a Liga dos Bombeiros Portugueses entrega ao Ministério da Saúde uma contra-proposta ao despacho ministerial, que determina que o acesso ao transporte pago pelo Serviço Nacional de Saúde passe a ter de responder aos requisitos obrigatórios de prescrição clínica e insuficiência económica. Uma medida que levará a uma redução, quase para zero, do número de transportes feitos pelos bombeiros.

"Tivemos de fazer um investimento avultado em pessoal especializado, ambulâncias, e agora dizem-nos que não podemos fazer esse trabalho", explica Fernando Pessoa, presidente da Associação dos Bombeiros de Alcochete. O que mais custa, diz, "é que as populações não entendem porque deixamos de as transportar e viram-se contra nós". "Isto já não se vive, sobrevive-se. Mas nós somos culpados do que está a acontecer, não recusamos o auxílio a ninguém".

Os gastos com o combate a incêndios também são avultados. "Só passados muitos meses é que nos pagam, mas quem é que paga o desgaste das viaturas e do pessoal?", questiona Paulo Vieira, comandante dos Voluntários de Alcochete. A corporação está a trabalhar com equipamentos com 20 anos de vida. "Temos aqui uma fábrica de explosivos, outra de reciclagem de papel, mais os armazéns do El Corte Inglés e não temos material adequado, nem dinheiro para o comprar".

No Alentejo, a situação é dramática. Corporações como a de Montemor-o-Novo viram o serviço diário de transporte de doentes cair de 15 para apenas um.

Nas últimas semanas, os Bombeiros de Mourão despediram seis funcionários, incluindo quatro motoristas, e preparam-se para reduzir em 50 por cento os efectivos. "A partir de Março vai haver mais despedimentos e aí fica em causa a operacionalidade do serviço de saúde, assegurada pelos assalariados", lamenta Alexandre Mendonça, presidente da Associação de Bombeiros de Mourão.

Correio da Manhã

FIRESHELTER52

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