05/11/2013

Gestão de Cenário em Incêndios Estruturais

Ligado aos aspectos de gestão de emergência e segurança nas operações, faço-vos um resumo sobre a implementação de sistemas de controlo de bombeiros num incêndio estrutural.

Em termos de segurança dizem os entendidos, nomeadamente a NFPA, que o Comando das operações deve ter sempre disponível e actualizado o status de cada bombeiro dentro da zona vermelha a fim de garantir um nível de segurança máximo em redor dos operacionais que desenvolvem as missões de socorro naquela área.

Deve também o comando estar informado sobre os objectivos de cada equipa, das suas missões e localização.

Este tipo de evento é essencial para que em caso de emergência dentro da estrutura envolvendo uma equipa de bombeiro se possa saber qual foi a ultima localização, direcção, e situação táctica informada ao Comando, tornando mais fácil e preciso o resgate dos nossos colegas pela equipa de emergência.

Objectivos do Sistema de Contabilidade de Bombeiros na zona vermelha



Permitir o controlo de várias equipas a trabalhar em simultâneo dentro de uma estrutura

Com este tipo de gestão e contabilidade, o Comando de uma forma organizada atribui às diversas equipas de manobra as missões a desenvolver.
Sabendo o número de bombeiros, a autonomia de trabalho, a localização, com um sistema de comunicações sem interferências e eficaz entre cada equipa, o comando ganha margem de manobra para a execução de várias tarefas em simultâneo minimizando os riscos inerentes ao trabalho e à “perda” de bombeiros no interior da estrutura.

O trabalho é simplificado com ordens curtas claras e concisas a cada equipa, com a recolha da identificação de cada bombeiro no CAE e posteriormente a informação da autonomia de trabalho pela pressão disponível no ARICA.

Com a conclusão da missão e finalização do trabalho, a equipa sai pelo CAE, onde recolhe a identificação, sabendo, neste caso o CAE se todos regressaram ao exterior e a equipa se encontra completa e em segurança.

Sem este sistema, as hipóteses de se perder o “rasto” a um bombeiro ferido no interior é muito superior e possível.

Permitir que em caso de emergência os recursos cheguem rapidamente ao local.

Sempre que no interior da estrutura uma equipa declare emergência ao Comando por um elemento ter ficado inconsciente, problemas técnicos com material ou outra situação em que necessitam de ajuda complementar, esse pedido de ajuda ao passar pelo COS fará com que este saiba concisamente, o local na máxima proximidade da localização da equipa em apuros, sem perder tempos com buscas infrutíferas e minuciosas nas ordens de deslocação das equipas de emergência ao local das necessidades.

Por outro lado, numa primeira análise o CAE saberá imediatamente pelos seus registos o número de elementos da equipa em apuro, a missão que desenvolviam, a localização, a autonomia para um possível tempo de espera no resgate, as necessidades básicas de cada missão padronizada, entre todos os outros perigos envolventes e necessidades.

Material de apoio



Nas operações em incêndios estruturais o comando deverá estar munido de apoio específico que lhe permita gerir a operação de uma forma conjuntural.

Folha de registo de Controlo de ARICAS

Deve de existir uma folha junto do CAE para que fique registado individualmente cada elemento de cada equipa, e dados básicos como as pressões dos ARICAS, hora de entrada, missão, hora previsível de saída etc...



Folha de registo de informações

È uma área onde o comando regista “sintetiza”, TODAS, as informações efectuadas no TO.



Pedidos de meios, informações das equipas de manobras, ordens etc...
O objectivo é que toda a informação relacionada com o desenvolvimento do combate ao incêndio seja sintetizada para se ter a certeza que tudo o que foi ordenado ou pedido teve uma resposta assertiva e um desenvolvimento eficaz.



Folha de registo de meios

Trata-se de um apoio ao comando onde o mesmo descreve os meios pedidos e as informações complementares dessa resposta pelo CDOS, podendo neste caso o comando exercer o planeamento e missão das equipas que estão para chegar, com informações das horas de saída dos quartéis até à hora prevista de entrada no TO.



Folha com o Quadro de Situação Táctica SITAC

Trata-se de uma descrição visual de toda a situação táctica apoiada pela informação gráfica que permite ao comando reportar a situação actual do sinistro, e não ao contrário do que se pensa e algumas vezes se faz uma reportagem histórica daquilo que aconteceu.



Conclusão do resumo:

È muito importante compreender os princípios fundamentais das missões de combate a incêndios estruturais, principalmente quando a missão de algumas equipas é o resgate de colegas e companheiros de trabalho. Todos os Bombeiros deveriam ter em mente métodos de trabalho que sintetizem o desenvolvimento das acções, com principal evidencia para métodos de protecção e evacuação das equipas de socorro. Leva-me a querer que muitos não vão além do que está escrito em alguns manuais, os bombeiros são a ultima linha, depois de nós não está lá mais ninguém para nos dar a mão.

Deixo ainda aqui uma nota da NFPA que relata as 5 principais causas de morte no serviço de bombeiros em combate a incêndios estruturais:

1- Falha no sistema de comando operacional
2- Falha nos procedimentos básicos de segurança operacional
3- Falha na equipa de contabilidade “CAE”
4- Falha de comunicações rádio
5- Falha do reconhecimento dos aspectos fundamentais da estrutura do edifício

A missão e o objectivo dos bombeiros seria apartir de agora trabalhar na implementação deste sistema no desenvolvimento diário de cada profissional.
Lembra-te, todos queremos proteger a vida dos outros, mas também alguém tem de proteger a nossa.


FIRESHELTER52

2 comentários:

Fênix disse...

No curso de combate a incêndios urbanos e industriais em SJ da Madeira trabalhamos com essa metodologia, elimina-se muitos riscos.

Essa metodologia obriga que as equipas deixem de estar presas aos veículos ou as entidades, sendo os elementos em trabalho substituídos por outros elementos disponíveis, formando grupos que englobam elementos de outros veículos e de outros corpos de bombeiros usando o material já em trabalho.

Somente tenho pena que essa formação não chega aos elementos de comandos, porque deviam eles a impor essa metodologia nos TO.

Anónimo disse...

Acho que a primeira imagem que esta postagem possui, a do cérebro a receber e enviar informação, é o espelho daquilo que pretendes resumir.
Apostar na qualidade, na segurança, na dinâmica e gestão de grupo.
È de facto um resumo, muito mais além poderia ser divulgado, mas dai o facto da formação OITO-IU ser um factor muito importante para níveis de progressão.
Gostei muito do teu trabalho, mais uma vez, dou-te um reforço positivo para prosseguires e espalhares estas “novas” ideias de segurança.