01/05/2011
Quando se é exposto... ao Sofrimento de outros...
Hoje, Dia mundial do Trabalhador, gostaria de deixar aqui no blog uma postagem alusiva a esta comemoração, inserida no contexto do que é “TRABALHAR NOS BOMBEIROS”.
Poderíamos desde já, falar sobre a agressividade física do trabalho, dos perigos e segurança pessoal, dos incêndios e salvamentos, de cheias e inundações...
Mas, alguma desta missão é tão penosa para um trabalhador como os aspectos psicossociais a que um bombeiro profissional é exposto?
Este é um trabalho que desenvolve missões de resgate, salvamento, problemas graves e dramáticos que envolvem outras pessoas, impondo ao trabalhador níveis de responsabilidade e auto-exigência de elevado nível, pois não se considera a possibilidade de falhar, ou pior, a possibilidade de bloqueio mental não sabendo o que o trabalhador deva fazer no desempenho da sua missão.
Nos estudos dos factores de stress de várias profissões, ficou registado que no desempenho de missões que envolvem situações de trabalhadores que tem de lidar com o sofrimento agudo de outros, muitas vezes em condições de trabalho extremas, os mesmos ficam expostos a traumatismos “invisíveis”, que mais tarde se irão manifestar das mais variadas formas.
Estas experiências “traumáticas invisíveis” levam futuramente os trabalhadores a desenvolverem patologias de stress fisiológico e psicológico tal como transtornos mentais e outros problemas evidenciando os cardiovasculares.
Outro factor de stress pouco abordado nos estudos mas ainda que referido, é a situação de pré-planeamento e escolha de meios.
Os minutos de decisão que se sucedem após suar o alarme interno, no qual o líder tem de tomar o poder de decisão sobre a situação emergêncista que irá lidar provoca um factor de ansiedade extremo, que pode levar a acelerar todo o factor psicossocial a que o trabalhador está sujeito.
E, como bombeiro profissional, para mim, pessoalmente é sem dúvida o momento mais aflitivo, a surpresa do alarme e o stress da situação que se mantém até á saída do veiculo.
Toda esta situação descrita anteriormente, segundo os elaboradores dos estudos deve-se principalmente a longos períodos de inactividade física e psicológica no quartel, que em segundos tem de ser revertida.
No final desta pequena tese, pode-se reflectir que no fim de um turno a equipa recolhe à sua casa e família cheia de pensos invisíveis e de feridas por curar.
Feridas estas, que são tapadas pelos nossos lideres e representantes, com as notas que nos pagam o vencimento.
...Só que o dinheiro não é tudo na vida... e estas mazelas físicas e psicológicas demoram muito tempo a passar... e outras vezes nem passam, podendo mesmo levar o trabalhador a ser um mau profissional.
Para o Dia Internacional do Trabalhador
FIRESHELTER52
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3 comentários:
Parabens Horta
este teu artigo descreve na perfeição a componente psicosocial a que um bombeiro profissional é sujeito, haveria muito mais coisas a referir.
O trabalho em grupo, a motivação e liderança...
Tens levado a boa imagem dos Bombeiros a muito sitio, espero que continues este trabalho que te dignifica a ti e aos teus camaradas.
Falas com um estagiario com a mesma forma e importância que falas com um chefe, valorizas o trabalho e a amizade sem fronteiras, e utilizas as redes sociais para dinamizares este serviço.
Espero que te valorizem por isso.
Um grande abraço
Muito Obrigado
Surgindo depois de uma longa conversa com um professor imagino de onde chega tal elogio.
Sou sem duvida valorizado o que faz mater a chama de bloguista acesa.
Mais uma vez
Obrigado
Horta
Parabéns pelo excelente artigo, uma realidade omitida pelas cúpulas, somente posso dizer-te que já Há muito tempo deixei de ter pesadelos, porque deus me permitir ver coisas que simples pesadelos não passam de belos sonhos.
Mas sei que isso deixa consequências, é por essas e por outras que uso uma borracha para apagar aquilo que vejo, mas tem dias que é difícil, e posso afirmar que as consequências físicas são reais, já se fala nisso a algum tempo.
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