14/09/2010

Portimão tem novo sistema de deteção de incêndios para evitar tragédias


O Projeto «Stop Fire», lançado pela empresa Algarsis, com central recetora de alarmes de incêndios instalada no quartel dos Bombeiros Voluntários de Portimão, possui capacidade para servir mil utentes numa primeira fase, até final do ano.

Uma central recetora de alarmes de incêndios permite, a partir de agora, à corporação dos Bombeiros Voluntários de Portimão detetar, durante 24 horas por dia, ao longo de todo o ano, um fogo deflagrado em qualquer estabelecimento ou edifício do concelho, desde que esteja ligado ao novo sistema, facilitando assim a rapidez e eficácia na capacidade de intervenção.

Trata-se do projeto «Stop Fire», lançado pela empresa Algarsis, Lda, sedeada em Portimão, que, numa primeira fase, tem capacidade para servir mil utilizadores, podendo tal suceder até final do ano.

“Este novo sistema vai permitir às equipas de emergência no menor espaço de tempo identificar o local, os melhores acessos e a situação que, realmente, poderá encontrar. E com isto criar um planeamento de intervenção que possa de algum modo evitar mais danos, perdas de vidas humanas e prejuízos materiais. É esse o objetivo principal deste sistema, que identifica em poucos segundos a área que realmente carece de atenção”, disse ao barlavento.online o novo comandante dos Bombeiros Voluntários de Portimão Fernando Castelo.

Até agora, lembrou, “em momentos de ansiedade, as informações transmitidas por telefone têm sido um pouco deturpadas. Às vezes, até o sentido de entrada numa determinada rua pode causar-nos alguns problemas. As pessoas, por não serem conhecedoras do local ou porque estão em pânico, podem adulterar a informação que queremos”.

Numa das salas do quartel, no piso superior àquele onde estão estacionadas as viaturas de emergência dos bombeiros prontas a sair, um computador recolhe e grava toda a informação necessária, desde a data e hora da ocorrência, até à zona sinistrada e o nome do operador de serviço na central.

Um mapa do «Google», que pode ser impresso em caso de necessidade, indica exatamente a localização do edifício onde ocorre o incêndio.

O proprietário é, de imediato, avisado e em pouco tempo, já com as coordenadas exatas do sítio, os bombeiros estão a caminho.

O sistema não representa qualquer encargo para aquela associação de bombeiros, que, inclusive, receberá da empresa Algarsis uma percentagem do valor pago por quem aderir ao Projeto «Stop Fire», o qual varia consoante a área dos estabelecimentos e edifícios.

No escalão A, destinado a espaços até cem metros quadrados, foi fixada a quantia mensal de 15 euros. Já o escalão B abrange áreas até 400 metros quadrados e custa 25 euros por mês, enquanto o escalão C, o mais caro e que inclui espaços com mais de 401 metros quadrados, corresponde a um encargo mensal de 60 euros.

“A partir de agora, vamos começar a divulgar comercialmente o sistema, para já, junto da nossa carteira de clientes, embora este não seja um ano ideal do ponto de vista económico para o lançar. Se as pessoas, de uma vez por todas, começarem a olhar para a segurança como um investimento e não como uma despesa, poderemos ter outra segurança”, referiu ao barlavento.online João Rosado, sócio-gerente da Algarsis.

O projeto «Stop Fire», com a referida inovação tecnológica, surge numa altura em que, segundo os seus promotores, cerca de “80 por cento dos edifícios existentes no concelho de Portimão têm os alarmes desligados, o que é grave”, com os riscos inerentes para os seus utilizadores.

“Tal é possível porque a legislação não era considerada suficientemente forte para que o administrador do prédio ou quem desligasse a central fosse responsabilizado de forma cível e criminal. Hoje, essa legislação já existe, só que, na prática, ainda não está implementada. Há responsabilização, mas falta a fiscalização”, lembrou João Rosado.

“Infelizmente, muitas das pessoas só vão ter a perceção” do perigo “no dia em que ocorrer um incêndio”.

É que, frisou aquele empresário, “apesar de muitos prédios terem o sistema de deteção de incêndios instalado, está desligado porque de uma forma ou de outra já houve problemas. Por exemplo, já uma sirene tocou a meio da noite e as pessoas, para não serem incomodadas, desligam o sistema”.

“Isso também acontece em muitos hotéis. Mais grave, ainda, é que existem muitas unidades hoteleiras novas em que a central de deteção de incêndios controla desde os sistemas de evacuação, como por exemplo os elevadores em caso de emergência, aos registos e portas de cortafogo nos pisos, bem como os geradores de emergência. Mas nesse caso, um prédio que pensamos ter um bom sistema de segurança, que até passou na vistoria inicial dos bombeiros, quando se desliga uma central de deteção de incêndios é completamente inseguro como outro qualquer. A segurança em Portugal ainda é uma brincadeira”, concluiu João Rosado.

Além de hotéis e dos edifícios mais antigos, nomeadamente onde funciona a Câmara Municipal de Portimão, as escolas, como as do ensino básico, são outros dos estabelecimentos à mercê do perigo.

“A maioria das escolas do concelho de Portimão nem tem sistema de deteção de incêndios implementado. Se acontecer um problema, por exemplo, num piso inferior em estabelecimentos com dois pisos, temo pela segurança das próprias crianças, pois não existe um meio de alarme para avisar as pessoas do primeiro piso de que há um fogo e têm de fugir”, alertou João Rosado.

Já para o comandante dos Bombeiros Voluntários de Portimão, no tocante particularmente a estabelecimentos na área da restauração, “em edifícios mais antigos é difícil metermos na cabeça das pessoas a necessidade de existirem estes sistemas de deteção de incêndios e de alarme”.

Por outro lado, observou Fernando Castelo, “há uma série de situações anormais e que não deviam acontecer. Enquanto se fazem as inspeções, as coisas estão todas muito bem, mas depois caímos no nacional-porrreirismo. Ou porque o alarme tocou e incomoda os moradores, ou porque há uma anomalia e por uma retenção de custos não querem mandar reparar aquela situação. E o que acontece é que muitos dos alarmes acabam por ficar desligados. Isso às vezes é um problema para quem habita nesses edifícios e também para nós. Se tivéssemos uma identificação do local e do que estava a acontecer ao segundo talvez evitássemos mais danos materiais”.

As estimativas apontam para um total de 50 mil edifícios, entre os quais se incluem pastelarias, snack-bars e restaurantes, no concelho de Portimão, como clientes-alvo do novo sistema.

Lagos e Faro são outros concelhos do Algarve onde foi manifestada a intenção de aderir ao novo sistema de segurança na deteção de incêndios.

FIRESHELTER52

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