31/05/2011

Ameaça de extinção dos Bombeiros Sapadores de Setúbal


Maria das Dores Meira ameaça extinguir sapadores de Setúbal

A presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, ameaçou “extinguir a corporação de Bombeiros Sapadores de Setúbal (CBSS) e criar uma companhia de bombeiros municipais, no caso de esta se tornar insuportável a nível financeiro”.

As declarações da autarca surgiram após uma manifestação organizada pela Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais (ANBP) em frente à câmara municipal, na qual o presidente do Sindicato Nacional dos Bombeiros Profissionais (SNBP), Sérgio Carvalho, insinuou uma “política contra a população exercida pela autarquia supostamente comunista”.

Maria das Dores Meira considerou, por seu lado, que a autarquia “não tem qualquer intenção de extinguir a companhia, já que foi a própria CDU que a criou”. Porém, as consecutivas manifestações organizadas pela ANBP, “que não têm qualquer fundamento, podem levar a autarquia a encerrar a CBSS”.

A edil acusa mesmo a associação de “não lutar pelos verdadeiros interesses dos trabalhadores e da população”, mas apenas demonstrar a preocupação em “manter intocável o seu partido que está no governo”.

O presidente do SNBP acusa a autarquia de promover “horários de trabalho absurdos”, quando, em fevereiro, aprovou o documento que aumentou para os cinco turnos em vez dos anteriores quatro, reduzindo assim a carga horária semanal de cada bombeiro de 48 para 35 horas. Em resposta, o vereador da Proteção Civil, Carlos Rabaçal, admite que a ANBP está a “fazer apenas o jogo político partidário do PS”, já que o novo horário “garante maior eficiência técnica, humana e financeira”. “O horário foi reduzido, mas, com o cálculo das horas extraordinárias, o salário manteve-se igual ao antigo”, afirma Carlos Rabaçal, adiantando ser “absolutamente inaceitável o pedido da associação em reaver a antiga carga horária com um aumento de 30 por cento dos salários”.

Além da questão dos salários e da carga horária, o presidente da ANBP, Fernando Curto, critica a autarquia pela “falta da proteção e socorro às populações”, motivada pela “redução de efetivos por cada turno”, exemplificando com uma situação que ocorreu em Azeitão, “quando havia apenas quatro bombeiros por turno, um caso apenas corrigido após a denúncia por parte da ANBP”. Fernando Curto assume a necessidade da CBSS em “possuir 150 trabalhadores, de modo a poder socorrer com todas as condições às necessidades da população”. Esta reivindicação é imediatamente refutada por Carlos Rabaçal, ao indicar que “se atingiu em 2009 o número máximo de operacionais que alguma vez a CBSS teve, 119 efetivos”, e pela própria presidente da câmara, que se mostra cada vez mais indignada com esta situação de “calúnias e tentativa de ataque político”.

“A alegação da pouca preocupação da autarquia na protecção de socorro às populações é completamente falsa e a questão da falta de efetivos por turno acontecia com maior frequência nos antigos turnos”, afirma Maria das Dores Meira. Perante esta situação de “declarada luta política”, a edil indica a intenção da autarquia em “criar um jornal para todos os munícipes colocando as cópias dos recibos dos vencimento dos bombeiros, para desmascarar aquilo que as chefias dos sindicatos estão a reivindicar”.

Esta medida de tornar públicos os vencimentos da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal deverá ser a forma encontrada pela edil para “ridicularizar” a reivindicação de melhores salários por parte desta que, de acordo com a autarca, “auferem o mesmo montante, ou mais, que antes da aprovação dos novos horários de trabalho da Companhia de Bombeiros Sapadores”. Carlos Rabaçal aponta ainda uma situação semelhante que ocorreu na cidade do Porto, onde “o presidente da autarquia, Rui Rio, não cedeu às exigências da associação e venceu pelo cansaço”, esperando assim que o “mesmo se suceda em Setúbal”.

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